Viriato da Cruz – Namoro
Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
e com letra bonita eu disse ela tinha
um sorrir luminoso tão quente e gaiato
como o sol de Novembro brincando
de artista nas acácias floridas
espalhando diamantes na fímbria do mar
e dando calor ao sumo das mangas
Sua pele macia – era sumaúma…
Sua pele macia, da cor do jambo, cheirando a rosas
sua pele macia guardava as doçuras do corpo rijo
tão rijo e tão doce – como o maboque…
Seus seios, laranjas – laranjas do Loje
seus dentes… – marfim…
Mandei-lhe essa carta
e ela disse que não.
Mandei-lhe um cartão
que o amigo Maninho tipografou:
“Por ti sofre o meu coração”
Num canto – SIM, noutro canto – NÃO
E ela o canto do NÃO dobrou
Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
pedindo, rogando de joelhos no chão
pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigenia,
me desse a ventura do seu namoro…
E ela disse que não.
Levei á Avo Chica, quimbanda de fama
a areia da marca que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço forte e seguro
que nela nascesse um amor como o meu…
E o feitiço falhou.
Esperei-a de tarde, á porta da fabrica,
ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,
paguei-lhe doces na calçada da Missão,
ficamos num banco do largo da Estátua,
afaguei-lhe as mãos…
falei-lhe de amor… e ela disse que não.
Andei barbudo, sujo e descalço,
como um mona-ngamba.
Procuraram por mim
“-Não viu…(ai, não viu…?) não viu Benjamim?”
E perdido me deram no morro da Samba.
Para me distrair
levaram-me ao baile do Sô Januario
mas ela lá estava num canto a rir
contando o meu caso
as moças mais lindas do Bairro Operário.
Tocaram uma rumba – dancei com ela
e num passo maluco voamos na sala
qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: “Aí Benjamim !”
Olhei-a nos olhos – sorriu para mim
pedi-lhe um beijo – e ela disse que sim.
Anónimo diz
Estou a fazer uma pesquisa em torno duma figura politica moçambicana, Joana Simião. Gostaria de saber o nome de solteira de Helena Trovoada, a esposa de Miguel Trovoada de Sao Tomé. Pode ajudar?
Anónimo diz
É uma vergonha que ninguem tenha escrito e relatado a verdadeira historia e percurso do Dr Ayres Sacramento de Menezes.
Tanto os historiadores Angolanos,Sãotomenses,Moçambicanos deveriam descomplexar-se e relatar toda historia deste Grande nacionalista africano,Universalista que proporcionou e colaborou para a nlibertação dos povos africanos.
Mas infelizmente a cobardia e ingratidão dos descendentes no reconhecimento na sua plenitude de todo percurso deste grande libertador ,médico e militar de grande patente que foi o Dr Ayres Sacramento de Menezes.
Talvez os intelectuais francofonos ou anglofonos consigam redimensionar a verdadeira figura do Dr Ayres Sacramento de Menezes.
Ayres Guerra Azancot Menezes diz
O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES
Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.
Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
Ainda em 1959 funda o movimento de libertação dos territórios sob a dominação Portuguesa.
Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.
Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .
Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.
A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).
Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.
Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.
Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.
Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.
Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo – Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.
Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.
Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.
Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.
Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).
Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .
Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.
Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.
A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia
Angolana e está sepultado no cemitério de Benfica em Lisboa (Portugal).
Consultar:
http://www.hugomenezes.no.sapo.pt
ayres guerra azancot de menezes diz
Lamentavelmente, não se compreende como é que um país com largos anos de soberania não dispõe de um centro de Hemodiálise, obrigando os pacientes a viverem fora dos seus familiares.
Com iniciativa, vontade e criatividade e muita energia solar e com recursos humanos já existentes pelo mundo fora muitos projectos de mega envergadura poderiam ser viabilizados, Mesmo colmatando a questão do financiamento a partir de doações, financiamentos de particulares provenientes de todo mundo para um projecto verdadeiramente sério com finalidade humanitária.
Ayres Guerra Azancot De Menezes
Ayres guerra azancot de menezes diz
O MPLA COMO MARCA
O MPLA como Marca representa um poder permanente em função de mais do que a sua história e multiplicidade de histórias e perpetuações das suas tradições.
Um dos factores qualitativos de recriação da sua força consiste na lealdade da corrente regeneradora dos seus aliados.
Os seus atributos, qualidade e expectativas criadas e uma amálgama de resultados e sua funcionalidade reforçam uma narrativa que impulsiona a sua existência.
Não há dúvida de que as crenças sagradas, criações, metas e seu prestígio, sua visão e missão, capacidade de inovação reforçam o seu posicionamento.
A sua suposta notoriedade e fidelização em constante construção criando boas ligações emocionais melhorarão consideravelmente essa marca.
Sendo assim será que a marca MPLA é um sistema propulsor e fonte de criação de valor?
Será que a notoriedade do MPLA continua a ser evocada de forma espontânea?
Para que a marca MPLA se perpetue será necessário que as atitudes das pessoas correspondam a avaliações globais favoráveis.
Não há dúvida que a força da marca MPLA quase se confundirá a um culto descentralizado e de interacções e laços fortes e experiências partilhadas que criam várias identidades verbais e simbólicas.
Para falar da antiguidade da Marca MPLA teremos que falar forçosamente do seu núcleo fundador de Conacry dos anos 60.
A marca MPLA se perpetua pelo seu prestígio devido as associações intangíveis, pelo seu simbolismo popularizado incontornável e grandes compromissos com o passado.
O MPLA como marca, alem de possuir narrativas de sobrevivência, inclui testemunhos que dão a história, significados mais profundos e grande carácter de emocionalidade.
A história do nacionalismo e luta de libertação pelos actores de renome a partir da fundação do MPLA em Conacry pelos seis fundadores bem personalizados, como Viriato da Cruz, Mário Pinto de Andrade, Hugo José Azancot de Menezes, Lúcio Lara, Eduardo Macedo dos Santos e Matias Migueis perpetuarão essa marca de forma reflectida.
Poderemos então afirmar que os fundadores de Conacry foram os agentes prioritários e fundamentais da verdadeira autenticidade da marca MPLA.
A dinâmica da história e a construção de identidades pressupõem estados liminares, pelo afastamento constante de identidades anteriores.
Desenvolver a cultura da marca MPLA exigirá um constante planeamento e estratégias que permitirão reunir e sentir esta marca global.
Para terminar apelaria que nas verdadeiras reflexões que a lenda da marca não obscurecesse a lenda dos fundadores verdadeiros artífices.
Escrito Por:
AYRES GUERRA AZANCOT DE MENEZES
ayres guerra azancot de menezes diz
URGENTE REPOSIÇÃO DE VALORES SÍMBOLOS, PASSADO MEMORIAL DUM NACIONALISMO HISTÓRICO TORPEDIADO E EM CONSTANTE DEGRADAÇÃO.
COM AS MUTAÇÕES SOCIAIS PROVOCADAS POR IMPOSIÇÕES DE NOVOS VALORES EMERGENTES EMPOBRECIDOS PELOS SEUS ACTORES, A NOVA SOCIEDADE SE FRAGILIZOU E DECLINOU -SE PARA CONTORNOS POUCOS SIGNIFICANTES.
COM A MUDANÇA DE REGIMES AUTOCRÁTICOS PARA REGIMES MAIS BENEVOLENTES MUITOS SÍMBOLOS, VALORES E REFERENCIAS FORAM DRASTICAMENTE MARGINALIZADOS,AFOGADOS,E VIOLENTAMENTE SUBSTITUIDOS POR RAZÕES DE VAIDADES SOMENTE PESSOAIS.
OS COMPLEXOS E INCAPACIDADES ,INCONGRUÊNCIAS SE FAZEM SENTIR E SE GENERALIZAM COMO CONDUTA BÁSICA INCAPUTADA POR ARTIFICIOS E COMPENSAÇÕES.
O TECIDO SOCIAL EM DEGRADAÇÃO E AS EXPERIÊNCIAS ACUMULADAS DAS GERAÇÕES NÃO SE REVERTEM A FAVOR DA POSTERIDADE.
A TODO O INTERESSE EM DESTRUIR O PASSADO SÓ POR RAZÕES SUBJECTIVOS.
O COMPLEXO E A INCAPACIDADE TREINADA É O FLAGÊLO DEMOLIDOR DAS CRIATIVIDADES ANTERIORES.
O GRANDE INTERESSE EM APAGAR OU ADULTERAR A HISTÓRIA É UMA CONSTANTE DAS NOVAS INTELECTUALIDADES EMERGENTES.
O MEDO DAS INTELECTUALIDADES DESONESTAS E EMERGENTES CONSISTE EM FAZER VERDADADEIROS LEVANTAMENTOS DO PASSADO E REPOSICIONAR ESSES VALORES PAUTADOS POR BASES MAIS REALISTASE CONSISTENTES.
AS NOVAS GERAÇÕES SABERÃO INVESTIGAR E RECOLOCAR AS VERDADES O MAIS RÁPIDO DO QUE SE JULGA.
A MENTIRA NUNCA PERSISTIRÁ MESMO QUE FOR SUSTENTADA POR TESOUROS .
A EXPERIÊNCIA DO PASSADO NUNCA FOI ENGANADOR ,MUITO MENOS NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO.
ESCRITO POR:
AYRES GUERRA AZANCOT DE MENEZES
meireles diz
ESCRITO POR:
(AYRES GUERRA AZANCOT DE MENEZES)
UMA DAS PREOCUPAÇÕES DO DR HUGO JOSE AZANCOT DE MENEZES E DOS SEUS IRMÃOS FOI A QUESTÃO DA TRANSLADAÇÃO DAS OSSADAS DO PAI, DR AYRES SACRAMENTO DE MENEZES SEPULTADO ALGURES NO CEMITÉRIO DO DONDO EM ANGOLA.
ESTA QUESTÃO ANTERIORMENTE JA TINHA SIDO CONVERSADA COM ALGUNS RESPONSAVEIS QUE NA ALTURA JA ESTARIAM A DAR ALGUNS PASSOS.
TUDO INDICARIA QUE OS RESTOS DAS OSSADAS SERIAM TRANSLADADAS PARA SÃO TOMÉ.
MAS INFELIZMENTE COM OS SUCESSIVOS DESAPARECIMENTOS DOS IRMÃOS INTERESSADOS , ALGUNS COMPROMISSOS FAMILIARES ANTERIORMENTE ASSUMIDOS COM GRANDE PREOCUPAÇÃO DEIXARAM DE SER RELEVANTES.
ESTE ASSUNTO FOI TAMBÉM SECUNDARIZADO PELAS PERSONALIDADES PÚBLICAS QUE ESTAVAM A FAZER AS DÉMARCHES.
COM O ACRESCER DAS NOVAS PREOCUPACOES DA ERA DO MUNDO GLOBALIZADO ALGUNS OBJECTIVOS FORAM ADIADOS.
ESPERA – SE QUE O BOM SENSO PREVALEÇA E SE DEVOLVA E CONCRETIZE TODOS DESEJOS FORMULADOS PELA FAMILIA INDEPENDENTEMENTE DA INTERVENCAO INTERESSADA OU NAO DOS ORGANISMOS DE DIREITO.
OS SIMBOLOS DO PASSADO PERTENCENTE A ESTE MOZAICO SÃO DA RESPONSABILIDADE TAMBÉM PÚBLICA PELOS INTERESSES QUE MOMENTANEAMENTE EXIBEM.
meireles diz
Escrito por:
(Ayres Guerra Azancot de Menezes)
é um testemunho muito importante para a verdade histórica .
Não é fácil realizar uma pesquisa desta envergadura.
Não podemos deixar de apontar um certo subjectivismo pró -VIRIATO da parte do DR Edmundo Rocha por ter sido seu admirador real e fã e ter absorvido bons exemplos e ensinamentos.
É um testemunho que terá cada vez mais valor pela pessoa do Viriato pela e coragem do DR Edmundo Rocha em ter reconstituído parte da trajectória desta figura impar do nacionalismo Angolano.
A subjectividade por parte é redutora de certos realismos e declara ao longo desta exposição correntes ideológicas incompatíveis cujos contornos poderiam não ser reflexo de melhor visão estratégica para a o futuro do partido.
Ainda é muito cedo e a medida que os anos vão passando os fatalismos têm que ser bem ponderados.
Os subjectivismos aliados a jogos de poder condicionam muito as abordagens.
Os favoritismos políticos aliados a certas compensações de carácter literário muitas vezes denunciam jogos de contra poder que podem ser ajustados com o tempo.
O maior ou menor contributo histórico deve resultar de perspectivas honestas. Só
Com o tempo e a confrontação de percursos dinâmicos de cada interveniente deste patamar se poderá postular sobre grandes teses.
A desonestidade aliada a recursos alternativos de sucesso bibliográficos e alianças ,muitas vezes desvirtuam o verdadeiro carácter da honestidade histográfica.
O ideal não será ajudar ou travar o percurso histórico dos correligionários para projectar livremente certas obras,mas sim permitir uma maior confrontação para enrriquecer e fortalecer o projecto comum.
Desejando que outros livros ou memórias sejam rapidamente e honestamente publicadas ,e que várias perspectivas sejam abordada para se poderem destrinçar também factores de ordem psico -sociais dos vários intervenientes.
meireles diz
COMITÉE DE LIBERTAÇÃO DE S. TOMÉ E PRINCIPE
(C.L.S.T,P.)
COMITÉ DE LIBERTATION DE SAN THOME COMMITTEE TO LIBERTATION OF
ET PRINCIPE. SAINT THOMAS AND PRINCIPE.
B.P. 489
LIBREVILLE
8/4/62
CARO HUGO
Recebi ontem o teu telegrama que nos deixou um pouco confusos.
No entanto agimos imediatamente no sentido de partir o mais depressa possível, “ mesmo sem croas”.
A minha deslocação neste momento é de todo impossível. Penso que imensas coisas se passam em Leopoldina e no mundo, coisas que, em consequência das limitações materiais e condicionalismo político aqui, temos ignorado quase por completo.
A malta de resto, pôr te a ao corrente. Creio e temos de encarar outra saída . Não sei quando poderei passar por aí, mas sinto que é necessário.
Peço-te e a malta que dêem ao Onet e ao Carlos ajuda se alguma dificuldade surgir ,no plano político, pois que no plano económico eles necessitarão indubitavelmente.
Com muitas dificuldades ,conseguimos obter passagens, mas acontece que o Onet deve seguir, de preferência, directamente para Lagos. Se vos for possível cobrir a diferença entre Brazzaville – Lagos e Brazzaville – Libreville, seria óptimo .
Cá por casa ,tudo mais ou menos bem , além da escassez de massas, devido ao custo ,incrivelmente alto de vida.
Já cá temos o D. Mikas ( Suiny- Patrice….. Trovoada)
meireles diz
( Correspondência do Dr França Van-Dúnem para O Dr Hugo José Azancot de Menezes um dos Fundadores do M.P.L.A. Sedeado em Ghana e a trabalhar na Rádio Ghana).
Utrecht,16 de Julho de 1965
Meu caro amigo
Começo por agradecer-lhe a gentileza que teve em escrever-me ,dando-me informes a cerca do lugar de locutor na rádio Ghana.
Estou interessado pelo lugar e já escrevi ao Director do Ghana Broadcasting Corporation nesse sentido.
Junto lhe envio uma cópia da carta em questão para que tome conhecimento do seu conteúdo . Gostaria de saber mais pormenores a cerca do lugar e se possível em que modalidade serei contratado. Tratar -se -a de um contrato assinado aqui ou devo esperar pela minha chegada aí para que isso se efective?
De qualquer maneira era necessário que eu soubesse para quando é o começo para que eu possa, com tempo , pedir a minha demissão do Instituto de Direito Internacional, onde trabalho.
Enviar-lhe-ei esta carta “ expresse” para que possa tomar nota do conteúdo da carta que enviei ao Director da Rádio Ghana.
Uma vez mais lhe agradeço por tudo o que possa fazer nesse sentido.
Saudações patrióticas
Fernando Van- Dúnem
PS. Acabo de receber a carta porque a sua caixa postal já está fechada. Espero que esta vez terei mais sorte .
Obrigado
França Van- Dúnem
meireles diz
REPERCUSSÃO DO JORNAL FAULHA E SUA DIVULGAÇÃO; JORNAL CRIADO PELO DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES CUJO PRIMEIRO NÚMERO FOI RECEBIDO PELO POLÍTICO LUIS CABRAL ,IRMÃO DO AMILCAR CABRAL, TESTEMUNHANDO A RECEPÇÃO DO JORNAL COM O ENVIO DESTA MENSAGEM.
LISN LISN 21/ SET/ 65
WK32 CKFTNR 9 CTTNAKRY 32 22
1010 TFC =
LT THE SPARK PUBLICATIONS PORTUEUSE VERS ION POBOX
M171 ACCRA =
VOUS ADRESSONS FELICITATIONS CHALEUREUSES MOTI F PARUATION
PREMIER NUMERO FAULHA STOP POUVEZ COMPTER NOTRE COLLABORATION
FA TERNELLE SERVICE L IQUIDATION URGENTE COLONIALISME
PORTUGAIS FRATERNELLEMET =
LUIZ CABRAL +
COLL M171 +
meireles diz
Escrito por:
(Ayres Guerra Azancot de Menezes)
A formalização do MLSTP COMO MOVIMENTO QUE INICIALMENTE SE INTITULAVA CLSTP FOI MUITA MAL EXPLICADA E HISTORICAMENTE FALSEADA.
Toda esta estratègia foi programada a partir do Ghana Pelo Dr Hugo de Menezes, Dr Tomas Medeiros Dr Guadalupe de Ceita e Onet pires e existia um plano que foi desvirtuado e executado por um outro grupo que apossou-se da sua paternidade.
Pois o Dr Tomas Medeiros e outros intelectuais têm outras versões mais coerentes e testemunhos escritos que em breve sairão para desvendar as mentiras da historia.
meireles diz
O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES
Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.
Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
Ainda em 1959 funda o movimento de libertação dos territórios sob a dominação Portuguesa.
Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.
Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .
Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.
A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).
Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.
Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.
Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.
Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.
Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo – Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.
Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.
Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.
Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.
Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).
Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .
Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.
Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.
A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.