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As raízes do Hip-Hop Estão na Música Reggae

18 Novembro, 2018 22:53 Comentar isto

O Reggae esteve na dianteira do desenvolvimento da música durante muito anos. Desde a Música de Dança Electrónica (House, Tenho e outros), à Pop, Punk, Disco e outros géneros de música variados actuais, consegue-se perceber a influência do Reggae vinda do seu núcleo. Um género de música que está directamente relacionado e está na sua base é o Hip-Hop, na sua vertente musical o Rap

Aqueles que são familiares com a história e as origens do Hip-Hop, sabe que essa cultura começou nos finais dos anos 1970 no bairro de Bronx, cidade de Nova Iorque. Os pais fundadores do movimento são o Dj Kool Herc, Afrika Bambatta e o Grandmaster Flash. Rega a história que o Dj Kool Herc começou a passar apenas a parte das músicas que as pessoas reagiam mais, as que tinham os breaks de bateria, mais mexidas e dançáveis. 

Dj Kool Herc a mostrar os lugares onde começou o Hip-Hip no Bronx 

Ora essa técnica é uma das várias usadas no Reggae e no Dub, criadas por mestres como o King Tubby, Lee Perry, entre muitos outros, nos estúdios de Kingston na Jamaica, terra de origem do Dj, que sempre creditou essas influências nas técnicas e o desenvolvimento dessa nova cultura.

O Reggae sempre praticou a arte do dubbing e do toasting no microfone, que têm uma ligação directa ao sampling e MCing (ou rapar). O Dubbing é a cópia de uma gravação para outra. O processo de usar material previamente gravado, modificar esse material e subsequentemente grava-la como uma nova mistura. Com efeito o processo de doubling ou “dubbing” o material, era e é utilizado pelos produtores jamaicanos na criação do Reggae e do Dub. 

Dream Warriors, duo de Toronto, é bom exemplo da influência do Reggae no Rap.

Foi nessa ilha caribenha onde o remix instrumental de uma canção foi iniciado, foi usado como lado B dos singles de 7”, com a canção original no lado A. Isso envolvia retirar quase todo o instrumental da música, vozes e melodia. Realçando a secção rítmica como base: a bateria e as linhas do baixo forte. Assim, o vocalista fazia o seu “toast” ou dizer umas coisas em cima do som (normalmente mensagens rastafari ou crítica política e social), do mesmo modo que um Mc do Hip-Hop pode fazer o seu freestyle sobre um instrumental previamente gravado.

Um dos arquitectos do Dub jamaicano, o bem conhecido Lee “Scratch” Perry teve a ideia de juntar efeitos de sons, como bebés a chorar, tiros, vidro a partir, vacas a mugir, etc. e daí o surgimento do sampling. Como se pode ver elementos do Hip-Hop tem o seu percurso nas técnicas que foram da Jamaica anos antes.

Lee Scratch Perry no seu Studio Black Ark, no processo criado.

Inicialmente, os primeiros Djs na Jamaica agarravam no microfone para promover os álbuns ou destacar algum tema. O artista do Dancehall U-Roy foi dos primeiros a fazer o “toasting” com frases que encaixavam bem na estrutura da música bem como exclamações de “wows” e “yeahs” bem característicos da sua voz, que resultavam bem e ajudavam o ritmo, cimentando assim a sua personalidade com uma identidade musical própria.

É aqui uma das fontes vocais do rap. No Bronx um MC de nome Coke La Rock trabalhou ao lado do Dj Kool Herc animando o público, bem no estilo originário do Sound System Jamaicano do toasting. Ele não dizia frases líricas completas, como os rappers actuais, mas era um Mestre de Cerimónias que incitava o público, com palavras de motivação e slogans próprias de festa. É de certeza um dos primeiros MCs.

Desde o final de 1970 até 1980, o estilo do toasting progrediu na Jamaica e outros toasters (também chamados de Dee-Jays) como o Ranking Joe, Charlie Chaplin, Yellowman ou Eek a Mouse apareceram com um estilo mais lírico de rimas. Começaram a gravar canções em cima de riddims (faixas instrumentais) esparças, feitos por vários produtores como Henry “Junjo” Lawes, Linval Thompson, Gussie Clarke & Jah Thomas o que levou à criação do estilo Dancehall. Durante este período os discos desses Dee-Jays, tornaram-se mais importantes do que o Reggae tradicional, que dominou a ilha ao longo de vários anos. Outra tendência popular nesta época foi o Soundclash, que consistia em competições frente ao público, levado a cabo por Dee-Jays e os SoundSystems para ver quem tinha as melhores e mais chamativas musicas.                

Uma noite de Toasters em Kingston, nesta reportagem da BCC.

Esta tendência também influenciou directamente o Hip-Hop na medida que os dançarinos de break e os MCs de grupos diferentes desafiavam-se em competições para ver quem tinha as melhores rimas, movimentos de dança e habilidades técnicas. Isto tudo, veio permitir à juventude focar mais a sua atenção em actividades mais pacíficas do que a violência constante a que estava habituada nas cidades. Tanto os afro-americanos como os jamaicanos tinham em comum as agruras, sociais e económicas, diárias que passavam. 

O final de 1980 e ao longo da década de 1990, foram anos importantes no cruzamento dos caminhos do Hip-Hop e do Reggae nos Estados Unidos. Apareceram muitos nomes no Hip-Hop desta fase: Boogie Down Productions, Poor Righteous Teachers, Just-Ice, Heavy-D & Jamalski que apimentavam os seus beats e rimas com o sabor do Reggae.

Esta também foi a fase em que muitas celebridades do Dancehall jamaicano, tais como: Shabba Ranks, Super Cat, Cutty Ranks, Buju Banton & Mad Cobra 

estavam a assinar contratos de gravação com gravadoras americanas e começavam colaborações com artistas do Hip-Hop americano. Foi, por estas alturas, que nasceu a tendência muito popular das remixes de Reggae/Hip-Hop. Consistia em pegar na letra (acapella) de um tema popular de Reggae Dancehall e coloca-la em cima de um instrumental de Hip-Hop ou R&B conhecido. Hoje em dia esta técnica é referida como “mashup”.

Um mix de Rap e Reggae de 2018

Apesar desse cruzamento de Reggae/Hip-Hop ser mais dominante em Nova Iorque, Costa Leste dos EUA. A Costa Oeste teve a sua quota parte de artistas que, por vários anos, experimentaram esses mesmos ritmos. 

Compilação Reggae Meets Hip Hop de Bobby Konders / Massive B 

Traduzido e adaptado do texto de Lawrence Chatman.

Mais Nesta Categoria: Música Tags: hip hop, música, rap, reggae

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