19 de Julho – Bleza
Antes duma nação se tornar real, ela tem de ser primeiro imaginada. Por essa razão é justo que Super Mama Djombo, a orquestra que tem sido a marca cultural da identidade nacional da Guiné Bissau desde a independência, tenha nascido da imaginação fértil das crianças. Quatro jovens amigos começaram a banda num acampamento de escuteiros em meados dos anos 60. Na procura do nome, escolheram Mamadjombo, o nome dum espírito reverenciado que os revolucionários apelaram para protecção.
A Orchestra Super mama Djombo liderou um período efervescente da revolução cultural na época da independência. A banda cantou uma nova identidade nacional: nem Português nem dividido pelas raízes indígenas. Eles reinventaram o crioulo (a síntese das línguas portuguesa e africana faladas nas cidades) como língua de unidade nacional. O seu sucesso foi quase imediato. Eles andaram em tour pela África Lusófona, Cuba e Portugal e viajaram regularmente com o primeiro Presidente Luís Cabral, representando a nova nação para multidões em êxtase.
Em 1980, a banda passou pelas suas primeiras sessões de gravação em Lisboa. As edições em LP ultrapassaram o alcance que tinham conseguido até à data e abriu novas oportunidades – principalmente, a música Pamparida. Adaptado duma canção infantil, foi esta fluminante música que tornou esta banda um fenómeno Oeste-Africano, tal como foi ela que encheu o estádio no Senegal, onde o ainda desconhecido Youssou N‘Dour abriu a primeira parte. Quando a música começou, as multidões que se encontravam fora do estádio derrubaram, literalmente todas as portas para ouvir Mama Djombo tocar. Mais tarde nesse ano, Luís Cabral foi deposto e as oportunidades da banda começaram a diminuir.
Os membros fundadores da banda espalharam-se pelos 4 cantos do mundo construindo novas vidas, desenvolvendo carreiras a solo mas a banda continuou a ressurgir: com a banda sonora do filme “Os Olhos Azues de Yonta” (premiando “Un Certain Regard” no Festival de Cannes), algumas edições limitadas em Portugal, e o álbum “Ar Puro”, produzido e lançado na Islândia em 2008. Todas as gerações de Guiné Bissau conhecem essas músicas de cor.
“Guiné-Bissau é a fonte”, diz o principal compositor Atchutchi, “não importa onde você vá.”
Entrada 10€
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