(Teatro em Almada)
SIZWE BANZI EST MORT de ATHOL FUGARD, JOHN KANI e WINSTON NTSHONA
de ATHOL FUGARD, JOHN KANI e WINSTON NTSHONA | FESTIVAL TEATRO ALMADA
Encenação de PETER BROOK
Foi em New Brighton, uma township perto de Port Elisabeth (África do Sul), que nasceu Sizwe Banzi morreu. Athol Fugard já tinha montado várias peças com a sua companhia de actores negros, quando se lhes juntaram mais dois actores: John Kani e Winston Ntshona, com quem Fugard criou esta peça em conjunto.
Nessa altura Athol Fugard escreveu o seguinte: “O campo mais estimulante e mais rico para o desenvolvimento do nosso teatro situa-se nas townships das nossas cidades, onde florescem talentos e onde existem uma autenticidade e uma vitalidade verdadeiramente excepcionais, nunca vistas até hoje”. Esta declaração foi recebida, como pode imaginar-se, com bastante cepticismo. Mas o passar do tempo acabou por demonstrar até que ponto Fugard tinha razão. “Será que um homem negro pode nunca vir a ter problemas? ”, pergunta Sizwe ao seu amigo Buntu, acabando por concluir: “Impossível! O nosso problema é a nossa pele! ”.
O TEATRO DAS TOWNSHIPS
Um verdadeiro momento de teatro só pode ocorrer nesse exacto momento – não ontem nem amanhã. O público está sempre presente. Este aspecto funcional distingue o teatro das outras formas de arte. O teatro das townships da África do Sul é um exemplo precioso daquilo que o imediato pode trazer ao teatro. Este teatro nasceu da vida nas ruas, nas cidades que não são como as outras, nas townships, esses guetos do apartheid. Este teatro tem uma natureza bem específica: aquilo que nos vem do passado toca-nos ainda hoje em dia, dada a exactidão da sua irrisão magnífica, e bastante premonitória.
Peter Brook
UMA PEÇA PREMONITÓRIA
O teatro de Fugard encontra-se historicamente ligado ao período do apartheid na África do Sul. Trata-se de um teatro da necessidade, escrito e representado de forma a permitir ao espectador reapropriar-se da sua própria vida; um teatro do ridículo e do riso, um riso cruel, que lute contra a crueldade da vida corrente, fora dos muros do teatro. Através da procura que Sizwe Banzi, a personagem principal, leva a cabo para ficar com “os papéis em ordem”, os autores descrevem a violência do sistema inumano do apartheid, tornando-o ridículo e fútil, e anunciando de forma premonitória a sua queda. “O que é que se passa com este Mundo de merda? O que é que querem de mim? O que é que eu tenho de mal?”: quantos Sizwe Banzi não se põe hoje em dia estas perguntas?
Jean-François Perrier
PETER BROOK
Peter Brook, um dos maiores encenadores do Mundo, tem-se distinguido em diferentes áreas artísticas, tais como o teatro, a ópera, o cinema e a escrita.
Encenou textos de Shakespeare para a Royal Shakespeare Company, e posteriormente fundou em Paris o Centre International de Créations Théâtrales. As suas criações têm obtido uma grande repercussão internacional. Entre os seus espectáculos mais célebres contam-se: Marat/Sade, Timon d’Athènes, Ubu aux Bouffes, La conférence des oiseaux, La cerisaie, Le Mahabharata, La tempête, Je suis un phénomène (apresentado no XV Festival de Almada), La tragédie d’Hamlet, L’homme qui prenait sa femme pour un chapeaux, etc. Tem dirigido várias óperas, nomeadamente no Convent Garden de Londres, no Métropolitan de Nova Iorque, no Théâtre des Bouffes du Nord, e no festival de Aix en Provence.
Os seus livros mais significativos são L’espace vide, Point de suspension, Le diable c’est l’ennui, Avec Shakespeare e, recentemente, Oublier le temps. No cinema, realizou os filmes: Sa Majesté des mouches, Marat Sade, Le Roi Lear, Moderato cantabile, Le Mahabharata e Rencontres avec des hommes remarquables
ATHOL FUGARD
Nasceu em 1932 na África do Sul. Depois dos estudos secundários entrou na Universidade de Cape Town, acabando por abandonar o curso e lançar-se em várias viagens à volta do Mundo, a trabalhar em navios cargueiros.
De regresso a Joanesburgo emprega-se como funcionário de um tribunal, onde contacta com as injustiças do apartheid e com as dificuldades das populações negras sob este regime. A partir desta altura funda uma companhia de actores negros (entre os quais John Kani e Winston Ntshona) e monta várias peças de cariz político, que lhe custaram várias represálias por parte do Governo, como a confiscação do passaporte. As primeiras peças de Fugard eram apresentadas nas áreas em que viviam as populações negras, normalmente num pequeno adro de igreja ou um centro social, e o público era constituído por trabalhadores migrantes pobres e pelas pessoas que viviam nas townships.
Entre as principais peças de Fugard encontram-se Blood knot, The island, statments after an arrest under the Immorality act, Boesman and Lena e My children! My Africa!. Em 2006 o filme Tsotoi, baseado no seu romance com este nome, venceu o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro.
Intérpretes Habib Dembélé, Pitcho Womba Konga
Adaptação Francesa Marie-Hélène Estienne
Elementos Cénicos Abdou Ouologuem
Luz Philippe Vialatte
Produção Marko Rankov
Agradecimentos Peter Sacks
21h30 Sex 6
21h30 Sáb 7
19h30 Dom 8
21h30 Seg 9
Língua francês (legendado em português)
Duração1h10
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