Morreu o “pai” do funaná
Considerado por muitos o “pai” do funaná, Codé di Dona, (fotos) de seu nome próprio Gregório Vaz, faleceu esta terça-feira, no leito do Hospital Agostinho Neto. A sua morte surpreendeu o país e até mesmo pessoas que lhe são próximas. O ano de 2010 começa da pior forma para a cultura nacional. Cala-se a voz de um homem que soube compor e interpretar a realidade social de uma época específica como a célebre composição “Fomi 47”.
Embora nunca tenha ido à escola, o malogrado teve inteligência suficiente para compor outros grandes temas, como “Febri Funaná”, “Pé di Pedra”, “Pomba”, ou
“Yota Barela”, temas também cantadas por outros grandes artistas, como Zeca di Nha Reinalda ou Albertino Évora, apenas para citar estes.
Nascido no concelho de S. Domingos, freguesia de São Nicolau Tolentino, Codé di Dona deixa-nos perto de completar 70 anos. Da infância à idade adulta viveu em Rocha Lama, no município de Santa Cruz de onde viria a mudar-se para S. Francisco, onde passou o resto da sua vida. O artista auto apelidou-se de Codé di Dona, porque a mãe chamava-se Dona e era na altura o último filho. Entretanto, como disse a este Jornal, em Novembro de 2008, dez anos depois viria a nascer um outro irmão, mas continuou com o estatuto de Codé. Ao falecer aos 69 anos de idade, Codé di Dona lega-nos algumas das mais belas e pungentes composições da música tradicional cabo-verdiana.
Muitos dos temas que escreveu este exímio tocador de gaita e compositor foram eternizados pelo grupo “Bulimundo” que descobriu o músico, Zeca nha Reinalda, talvez o seu maior interprete, e os já falecidos Ildo Lobo e Katchaz.
Apesar de ter apreendido a tocar a gaita nos anos 50 do século passado, só em 1996 teve a oportunidade de gravar o seu primeiro disco intitulado “Kap Vert”. Dois anos depois com a edição do álbum “Codé di Dona”, o artista ganha disco de ouro em Portugal, no qual contou com a participação dos filhos Dongo, na voz, Zito, na gaita, e Kim, no ferrinho.
A composição “Fomi 47” acaba sendo o reflexo de uma experiência que ele desejaria viver nas roças de São Tomé, entretanto gorada por ser órfão.
Codé di Dona foi um dos maiores vultos da história da música popular cabo-verdiana.
Segundo apuramos, o malogrado deu entrada nos serviços hospitalares no final da manhã de ontem, alegadamente com cansaço e problemas respiratórios. Fonte hospitalar assegura que ao paciente foi diagnosticado uma “pneumonia extensa”, mas à tarde o seu estado clínico agravou-se acabando por sucumbir por volta das 18 horas. À hora do fecho desta edição desconhecíamos a hora das exéquias.
Fonte: Expresso das Ilhas
Odete Zellner diz
É com muita tristeza e espanto que recebo esta noticia! Os meus pais eram amigos dele, é uma tragédia e um duro golpe na cultura cabo-cabo-verdiana. Que a sua alma descanse em paz!!!