(texto recuperado, contém referências e datas já ultrapassados.)
“LUSOFONIA, A (R)EVOLUÇÃO”
“Esta revolução já existe. Já existe nas escolas, já existe quando vemos pares de namorados com miúdos pretos com miúdas brancas; miúdos brancos e miúdas pretas… Já existe esta revolução. Já existe quando vemos como os músicos se misturam entre si, já existe esta troca… seja a Kizomba, seja o Kuduro, seja o que for. Mas temos uma crosta na sociedade, quer nas grandes estações de rádio, quer na generalidade das editoras, que parece impermeável a isto tudo.”
David Ferreira (Editor EMI Music), in “Lusofonia, A (R)Evolução”
Video: Lusofonia, a (r )evolução
No Final de Julho, apresentámos “Lusofonia, A (R)Evolução”, a primeira abordagem a esta aventura. Através de um documentário, exprimiu-se os ecos de sons que se aventuram numa raíz cultural única para se afirmarem. Mas será agora, mais precisamente no dia 26 de Outubro no Festival Doc Lisboa, que será estreado.
Este documentário partiu do seio das actividades da delegação Portuguesa da Red Bull Music Academy. Este é um evento à escala mundial direccionado para a formação de músicos, DJs e produtores, que acontece uma vez por ano numa cidade mundial.
Foi, tendo em conta o imenso potencial musical que reside no espaço lusófono que nasceu um documentário, que durou cerca de dez meses a produzir, e tem como base 35 entrevistados, 33 bandas e videoclips e pesquisa bibliográfica. O seu objecto foi a fusão entre elementos musicais autóctones de Portugal, Brasil e PALOP (Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau) e a sua integração em géneros de música urbana actual. O resultado deste cruzamento é o nascimento de produtos musicais específicos da lusofonia, revelando uma identidade singular dos seus executantes no cenário mundial.
O movimento de músicos de Lisboa – de Sara Tavares, Lura, Chullage, Buraka Som Sistema ou Sam The Kid – emana características únicas: sejam ritmos, melodias, vocábulos que sintetizam através dos sons cinco séculos de história conjunta entre os territórios que hoje partilham o idioma Português.
“O Scratch está na rua”
“Lusofonia, A (R)Evolução” está dividido em várias partes:
1. As Raízes da Fusão: A música funcionou como um meio de integração social desde o séc.XV – início da exploração marítima de Portugal. As trocas sociais e culturais fomentaram o aparecimento de géneros musicais tendo como base um entreposto de escravos, Cabo Verde. O saudoso Raul Indipwo revela uma visão atenta e credível sobre as ligações entre, por exemplo, Fado e Morna, numa óptica em tudo idêntica à de José Ramos Tinhorão, publicada no livro “Os Negros Em Portugal: Uma Presença Silenciosa” – que serviu de base bibliográfica a este segmento do documentário.
2. A canção é uma Arma: A música também desempenhou um papel preponderante nos países lusófonos, quando estes viviam sob regimes ditatoriais (em Portugal e Brasil) e coloniais (em África). O movimento brasileiro Tropicália nasceu neste contexto e artistas nacionais e dos PALOP usavam a música como um meio de consciencialização social.
3. O Boom dos Anos 80: Não apenas nasceu uma indústria discográfica no decénio 1980-1990, como também começaram a chegar músicos africanos a Lisboa iniciando-se um processo de intercâmbio – que daria poucos frutos nesta década.
4. A Nova Mestiçagem: Foi nos anos 90 que a ideia de lusofonia ganha uma nova vida graças a uma geração de música urbana, influenciada pelo hip hop. Filhos de imigrantes despontaram através da compilação “Rapública”; bandas como os Cool Hipnoise davam uma nova abordagem aos ritmos brasileiros; os Kussundolola promoviam um Reggae angolanizado e editoras como a Nylon pugnavam por um produto português feito por executantes lusófonos.
Os anos 90 foram uma época de transformação mas uma fusão musical lusófona decorre no segundo milénio.
“Talvez um dia quando falarem em Lusofonia não vão estar a falar só do Português, mas também de tudo o que isso derivou…”
Chullage (Músico), in “Lusofonia, A (R)Evolução”
5. Sons em (R)Evolução: Depois de 2000 os fenómenos de cruzamento lusófono tornam-se por demais evidentes. Marcelo D2, no Brasil, cruza Samba com Hip Hop; Nigga Poison e Chullage dão ao crioulo uma nova roupagem; os Buraka Som Sistema pegam no Kuduro para criarem uma nova música de dança, lisboeta; Lura e Sara Tavares, ambas naturais de Lisboa, operam na world music, seja seguindo a tradição de Cabo Verde, no caso da primeira, seja amalgamando elementos, no caso da segunda.
“Lusofonia, A (R)Evolução” terá estreia numa sessão especial acessível apenas por convite, inserida na programação do Festival Doc Lisboa, no dia 26 de Outubro, no grande auditório da Culturgest às 23H00. Haverá um contingente disponivel ao Público para a Estreia, disponivel no dia nas bilheteiras da Culturgest, a atribuir por ordem de chegada.
Após a estreia existirá uma festa no espaço B.Leza com a participação de alguns artistas lusófonos. Evento onde se procederá a uma angariação de fundos, que revertem na sua totalidade para a Associação cultural Khapaz, que tem como objectivo servir de plataforma ao ensino e desenvolvimento musical de jovens afro-descendentes.
O documentário estará disponível no mês de novembro, numa edição limitada e não passível de exploração comercial. Apresenta-se num pack com DVD+CD, onde constam temas de alguns participantes de “Lusofonia, A (R)Evolução”. Será cedido um contingente a festivais de cinema, música e multimédia aproveitando a rede mundial da Red Bull Music Academy com base em cerca de 70 países.
RTP (Rádio Televisão Portuguesa) surge como parceiro institucional que o irá transmitir ao longo do ano de 2007 nos seus vários canais.
A Red Bull Music Academy estabeleceu ainda protocolos de cedência do documentário ao Instituto Camões e à CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) para sua divulgação e promoção nos paises PALOP.
A exibição gratuita, aberta ao público está assegurada em três auditórios da FNAC – no Chiado (Lisboa), Coimbra e Santa Catarina (Porto) durante a segunda quinzena do mês de Novembro.
“Brasil-Afro-Portuguese-Sound – A revolução!”
Lista de entrevistados e participantes:
Carlos do Carmo/Cantor, Celina Pereira/Cantora e contadora de histórias, Chullage/Músico, Conductor – Conjunto Ngonguenha/MC, João Gomes, Tiago Santos e Francisco Rebelo – Cool Hipnoise e Spaceboys/Músicos, David Ferreira/Editor EMI , Duda Guennes/Jornalista, Emanuel Pamplona/”Capitão de Abril”, Gilles Peterson/BBC Radio 1 DJ, Hernâni Miguel/Manager e editor do “Rápública”, João Barbosa/Produtor,DJ, Johnny- Cool Train Crew/DJ , José da Silva/ Editor Lusáfrica, Kalaf /Músico, Karlon – Nigga Poison /MC, Músico, Kika Santos – Loopless/ Cantora, Luis Maio/Jornalista, Melo D/ MC e Cantor, Messias/Cantor e Compositor, N’dú/ Músico, Nuno Sardinha/Jornalista RDP África, Pac Man- Da Weasel/Músico, Pedro Tenreiro/ A&R Norte Sul, Raúl Indipwo – Duo Ouro Negro/Músico, Rui Pereira / Historiador, Sam the Kid / Músico, Sara Tavares /Cantora e compositora, SP & Wilson (Beatbox)/Músicos, Tekilla /MC, Tito Paris / Músico, Tó Ricciardi/ Produtor, DJ e Editor Nylon, Tozé Brito / Autor, Compositor e Administrador Universal, Vitor Belanciano / Jornalista e Crítico.
Este Documentário é uma concepção, direcção e produção da delegação Portuguesa da Red Bull Music Academy.
Equipa:
Guião: Artur Soares da Silva e João Xavier
Produção Executiva: Mariana Moore Matos
Locução/Voz-Off : Sofia Louro
Pós-Produção e Montagem: Subfilmes
Mais informações:
Press Kit em PDF
Mariana Moore Matos – Red Bull Music Academy – Media Office
[email:] media.portugal@redbullmusicacademy.com
[móvel 1:] +351.919306977 [móvel 2:] +351.932885744
Red Bull Music Academy [ www.redbullmusicacademy.com]
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