Embora nascida num bairro crioulo de Lisboa, Lura é embalada pelos ritmos vindos de Cabo Verde, mas também pela pop portuguesa, o jazz, a música africana ou a soul americana. São todas estas influências que encontramos em “Eclipse”. Este disco fala de amor, de alegria e por vezes de tristeza. Reencontramos ao longo destas catorze novas faixas uma energia inacreditável, à imagem de Maria, uma canção escrita pela própria Lura, na qual o baixo e a percussão formam uma caixa de ampliação magnífica da sua voz.
O seu director musical e arranjador Toy Vieira compôs o maravilhoso Um dia a pensar nela. Nesta balada em tom jazzístico e coros discretos, Lura, expansiva, irradia literalmente, tal como no arrebatador Quebrod Nem Djosa, um dos pontos altos do álbum. Composto por Vlu (Valdemiro Ferreira), um dos jovens autores do Mindelo, esta faixa apela à honestidade dos cabo-verdianos face à adversidade económica. Os metais e os coros fazem lembrar aqui que a alegria e o bom humor terão sempre a última palavra face às provações da vida.
O acordeonista de Madagáscar Régis Gizavo, acompanha Lura nas faixas Marinhero, Na Nha Rubera e Sukundida, sendo estas duas últimas canções as mais arrebatadoras do álbum. Os coros sixties açucarados de Queima Roupa, uma das três faixas escritas por Mario Lucio, fecham o álbum com doçura. Como uma espécie de bónus, Canta Um Tango é obra do grupo Kantango, com letra da autoria de Teofilo Chantre. Esta faixa, gravada em Nápoles, impõe-se de forma suave, como um tango pós-moderno.
Em “Eclipse”, Lura revisita com muito amor e alma as paletas musicais do seu país e os diferentes estilos cabo-verdianos, da coladera ao funana. Plena de inspiração, energia mas também com alguns tons cândidos, a sua voz marca, mais uma vez, a diferença. Contudo, é ela quem nos confia de uma forma modesta: “Para mim, a minha carreira é uma surpresa permanente, desde a descoberta da minha voz na adolescência até os dias de hoje. Vivo um dia a seguir ao outro. Mas sou hoje cantora para o resto da minha vida, disso tenha a certeza. Não sei porquê”.
Nós sabemos porquê quando ouvimos “Eclipse”. Este quarto álbum confirma o talento imenso de Lura, a jóia da nova geração cabo-verdiana!
Florent Mazolini
Fonte: Tumbao
29 Março 17h – Fnac Colombo
02 Abril 18h – Fábrica de Braço Prata
17 de Abril 21h – Fnac Cascais
18 de Abril 17h – Fnac Chiado
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