Desabafo: A crise é de carácter
Este ano acontece a sétima edição do Festival Musidanças. Idealizado e realizado em 2001 pelo cantor e compositor angolano, Firmino Pascoal, o Festival já faz parte do roteiro cultural da cidade de Lisboa e recebe convidados vindos de vários países que têm como primeiro ponto comum a língua portuguesa.
O Musidanças é um dos movimentos responsáveis pela apresentação e revelação de muitos artistas hoje reconhecidos no panorama nacional e não só, como: Guto Pires, Terranaçom, Braima Galissa, Pedro Moreno, FernandoTerra, Lindu Mona, Canela, Nancy Vieira, Theo Pascal, Grupo Batuque Voz de África, Sara Tavares, Melo D, Maré Nostrum, Daskarieh, Terrakota, Francisco Naia, Ngoma Makamba, Dama Bete e muitos outros. Ao longo dos sete anos de existência, o Festival acontece de forma independente, tendo contado nos últimos anos com algumas Instituições e Organizações que promovem a difusão da dança, da poesia, da arte e da música cantada por intérpretes de língua portuguesa.
Mais um ano, e a crise continua. Continua para todas as empresas que a produção do Festival visitou na tentativa de conseguir algum apoio financeiro para a realização da sétima edição, que reúne aproximadamente 120 artistas envolvidos nas atracções, entre: música, dança, poesia, worshops e exposição de arte. Empresas estas que, infelizmente, disseram não possuírem “budget”, ainda que seja visível o tamanho investimento que destinam “à bola”.
E a crise não acabou. Continua para as Organizações, cujos dirigentes possuem suas agendas sortidas de compromissos que não lhes permitem sequer receber a produção de um Festival que movimenta a cultura de oito países lusófonos. Apesar, é claro, de receberem fundos alimentados por contribuições voluntárias de entidades públicas e privadas.
E a crise continua. Continua para todas as Instituições que se declaram diplomaticamente interessadas pela cultura lusófona. Possuidoras de fundos provenientes da contribuição de países como: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Lente, que por coincidência ou não, são países representados pelos artistas que fazem parte da programação do Festival Musidanças. Continua ainda que tais instituições afirmem apoiar a materialização de projectos de promoção e difusão da língua portuguesa. O que nos faz somente crer que a crise é de carácter.
Às portas de seu sétimo ano de vida, o Festival faz um balanço muito positivo. Começou sendo um Festival/Movimento com a ideia de juntar artistas e trocar impressões entre os povos de língua portuguesa. E, muito embora o balanço sobre o apoio de empresas, instituições e organizações que não cumpriram com o que prometeram, não puderam agendar um encontro entre a produção do Festival e os tais dirigentes, ou simplesmente fingiram-se de mortos, não respondendo aos pedidos, tenha sido bastante negativo, o Festival continua. Continua sem qualquer apoio financeiro, mas provido de bom senso, de boa fé, da simpatia e, sobretudo, da crença pela divulgação da cultura e da arte pelos organizadores do Festival e por apoios recebidos pelo Instituto Franco-Português, Aliança Francesa, Restaurante Tempero de Minas, ACIDI, Delta cafés, Jornal Destak e Revista O Brasileirinho.
A conquista agora é pela divulgação do Festival, que conta receber 250 pessoas por dia na plateia do auditório do Instituto Franco-Português de Lisboa, entre os dias 22 de Novembro a 01 de Dezembro. E isso somente a media poderá realizar. Realizar através do seu grande poder de divulgação. Fazer chegar aos muitos interessados que este Festival é hoje um ponto de encontro entre culturas e é, sem dúvida, um grande ponto de processamento de informações, que visa mostrar que a classe artística tem alto poder de formação e principalmente, de opinião.
Certos de contar com a vossa colaboração, sinceros cumprimentos!
Rosana Antonio
Assessora de Comunicação
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Gil diz
É de facto uma verdadeira “crise de carácter” aquela que se verifica e infelizmente parece propagar-se por entre aqueles que deveriam ter, o dever de divulgar a cultura de um modo geral e a lusófona, em particular.
Parabéns por continuarem e sobretudo por essa saudável teimosia; estarei aqui (e aí…)a torcer para que tudo corra pelo melhor.