Trata-se da obra poética que marca a estreia de Domingos Landim de Barros – sob a toga de Novissíl de Fasejo – na literatura Cabo-verdiana.
Calheta de São Miguel, torrão natal do autor, serviu de mote para aquela que foi a primeira apresentação do livro, feita por João Paulo de Oliveira e Alírio Vicente Silva no dia 28 de Setembro.
O livro editado pela sociedade cabo-verdiana de autores (SOCA) e prefaciado pelo seu actual presidente, o escritor Daniel Spínola, contou com uma segunda apresentação, desta feita pelo jornalista e reitor da Universidade Interdependente de Cabo-verde, Daniel Medina, no dia 16 de Outubro.
Um público de quadrantes diversos marcou presença no Confidencial Club (cidade da Praia-palmarejo), destacando-se o Procurador-Geral da República Júlio Martins, personalidades do mundo da política e da literatura, como David Hopffer Almada, ou ainda um dos expoentes máximo da literatura cabo-verdiana da nova geração: Vadinho Velhinho.
Citando Daniel Spínola: “(…) com essa sua obra [o autor Domingos Landim de Barros] demonstra que conhece bem o seu tempo e a sua gente e que possui um apurado sentido, omnisciente, dos meandros do interior humano, ao captar, de forma sensível e convincente, os conflitos interiores advindos das diversas situações adversas do homem cabo-verdiano e do próprio sujeito poético -personagem de perfil psicológico denso e modelado, complexo”.
Do ponto de vista temático Novissíl de Fasejo deambula por vários temas, parecendo querer situar-se entre a fronteira telúrica e o universal. Temas como: A terra e a gente, África, confidência, poesia, notas de um impávido, entre outros, são reveladoras desse dilema.
Segundo o próprio autor, a sua poesia reconhece a influência de diversos poetas, de que são exemplos: clássicos portugueses como João de Barros, Sá da Miranda, Luís de Camões; destacados poetas modernos: Fernando Pessoa, Eugénio de Andrade, Miguel Torga; influências de literatos cabo-verdianos da claridade/ pós claridade como Jorge Barbosa e Gabriel Mariano; da contemporaneidade: Arménio Vieira, Vadinho Velhinho, Dany Spinola, José Luís Tavares e, por fim, influências dos brasileiros: Carlos Drumond de Andrade e Manuel Bandeira. A forte influência da poesia Cabo-verdiana contestatária (Nova largada) foi salientada pelo autor.
Em suma, feito a praxis da apresentação da obra, seguiu-se o evento sob a orientação do poeta Alírio Vicente Silva, numa maravilhosa noite de ambiência poética e cultural com músicas interpretadas pela jovem promessa Vanusa, canções eternas do consagrado Zézé de Nha Reinalda, seguido de melodias brasileiras e da mestria de um Manuel de Candinho, acompanhado da sua guitarra.
Hermes Carvalho
África
“Sempre que a África enche de repulsa,
meu peito racha num estalido.
África, teu corpo ensanguentado,
Teus olhos edipianos,
Vazados na fervura da tua idade,
não me deixam indiferente nem distante,
teu queixo descaído numa taça de mixórdia,
Minha magoa não para de crescer.
África, eu sou aquele miúdo
Que padece no descampado da noite
e não parece
eu sou aquele pai triste e desolado
no vazio de sonhos murchos
que o pesadelo não deixa despontar
aquele filho sem alento
que falece a caminho do púlpito
no embuste do teu leito
no aconchego do teu regaço
sem braço e sem abraço (…) ”
(…) África, ó mamãe África,
Quando um dia acordares
Acorda comigo nos braços
Que eu aqui estarei
Pra te levar aonde quiseres.”
Novissíl de Fasejo/04/2001
Ivan diz
Estimados, agradecia o vosso apoio no envio da tradução do clássico: TA CODJI PURGA PAM ODJAL TA BA LICEU
DENTU SE BATA BRANCU ALVO
BENDE PASTEL PA CUMPRA PAPEL
PE CA FICA SIMA MI
NHU DJUDAM, PA BOCADO CA FALTAM
NHU DAM CORAGI PAM CRIA NHAS FIDJUS
BA DJOBI TRABADJO ESS FICA SO TA BADJAM
ESS BOTAM CU NHA TABULERO PAMO M CA TEM NINGUEM NA PULERO
NOBIDADI CORI CILISTINO SISTI
M CA STA DISFARÇA E SIMU BU OBI QUIM PASSA
FRIGIDERA O FAZI ASNERA
STA NHA FIDJU QUIM CA TEM BRINCADERA
FEIA CABELO BEDJO
SABI QUI NEM XUXO
FAZI ARTIMANHA PA BA ALIMANHA
MA TINHA NOTA SEM MANHA