Mesquitela Lima, de seu nome Augusto Guilherme, nasceu em S. Vicente de Cabo Verde, onde fez os seus estudos primários e secundários, tendo sido muito influenciado, nessa época, por um dos seus professores, Baltasar Lopes da Silva, autor de “Chiquinho”. Posteriormente diplomou-se pelo antigo Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina (1963), com alta classificação, onde trabalhou e sofreu influências marcantes dos Profs. Jorge Dias e Vitorino Magalhães Godinho.
Em Paris, na Faculdade de Letras e de Ciências humanas e na Escola Prática de Altos Estudos (pela qual é titulado em 1966), frequenta diversos cursos relacionados com as Ciências Humanas e Sociais e, na Sorbonne, em Março de 1969, presta provas de doutoramento em Etnologia, tendo obtido a mais alta menção – Très Bien. Em França, segue os cursos e trabalha com nomes eminentes da antropologia mundial: Claude Lévi-Strauss, G. Balandier, J. Maquet, Roger Bastide, Leroi-Gourhan, Denise Paulme, Eric de Dampierre e outros. Igualmente faz estágios e trabalha alguns anos no Departamento da África Negra do Museu do Homem. Faz de Angola o seu campo privilegiado de estudo, onde, aliás, começou como funcionário administrativo para posteriormente se dedicar exclusivamente à investigação etnológica e à museologia. Foi, naquela ex-colónia portuguesa, chefe de Departamento de Ciências Humanas do Instituto de Investigação Científica e director do Museu de Angola, cargos que exerceu durante largos anos, leccionando ao mesmo tempo. Antropologia Cultural e Etnologia em várias instituições de ensino, entre as quais o Instituto de Educação e Serviço Social Pio XII, e na própria Faculdade de Economia da Universidade de Luanda, onde ministrou um curso. Para além de ter dinamizado e reorganizado o Museu de Angola, realiza estudos em profundidade de duas etnias daquele país – os Quiocos e os Quiacas -, sobre os quais produziu e publicou inúmeros trabalhos. Da primeira etnia elabora a sua tese de doutoramento em Etnologia e sobre a segunda preparou o doutoramento em Letras na Universidade de Paris X (Nanterre). É membro de várias associações da sua especialidade, tendo tomado parte em muitos congressos nacionais e internacionais em representação de Angola e de Portugal; tem sido frequentemente convidado pela UNESCO para reuniões específicas. No ano de 1971, a convite do respectivo departamento de estado, percorreu os EUA, onde proferiu conferências nas principais universidades do país. Desde 1975 leccionou na Universidade Nova de Lisboa até à sua jubilação, como professor de Antropologia Cultural da faculdade de Ciências Sociais e humanas e onde dirigiu o seminário de Civilizações e Culturas Africanas. Foi coordenador-orientador do grupo da disciplina de Sociologia no Ano Propedêutico.
Mesquitela Lima tem vastíssima obra publicada em livro e jornais e revistas da sua especialidade. Nos últimos anos leccionava no Instituto Superior de Gestão, em Lisboa. Preparava-se agora para apresentar uma palestra sobre a vida e obra do compositor Fernando Quejas na Associação dos Antigos Alunos do Ensino Secundário de Cabo Verde, quando a morte o surpreendeu.
Fonte: Rui Machado
Guilherme Mesquitela Lima diz
Sem comentários possíveis de momento, mas assim que me for possível havera novidade.
Mário Vitorino Gaspar diz
Tenho recordado a pessoa que conheci. Mesquitela Lima era um sábio, com arte, bom contador de histórias. Ninguém fala no seu trabalho profundo a que se dedicara “O CAOS”. Ninguém fala nesta sua grande pesquisa. Mulher e Filhos devem saber.
E o Património principalmente esse autêntico Museu de Máscaras Africanas. Inclusive vi o trono de um régulo. Biblioteca vastíssima. Pinturas. Estatuetas. Decerto que seria explêndido dedicar-se algo à sua obra. Um Museu… E por que não?
Mário Vitorino Gaspar diz
Tenho muita vontade de protestar, a hora é já tardia. O Professor Doutor Mesquitela Lima merecia uma outra atenção. Um Antropólogo que revolucionou a Antropologia devia, e por direito próprio a uma outra atenção. Infelizmente os Portugueses desconhecem os homens de mérito. Aqueles que não prestam governam e governam-se, e os verdadeiro e dedicados homens e mulheres reconhecidos em outros países abandonam o nosso cantinho. Temos o MAIOR POETA DO MUNDO – o Fernando Pessoa, mas é do Mundo mas não de Portugal. Muitos e muitos pesquisadores, conheço alguns, queriam voltar porque gostam da sua terra, tiveram de emigrar. Depois temos Ministros que nada sabem, mesmo que o Mundo nos chame de Miseráveis. “Miseráveis ” é o título de um escritor do Mundo – Victor Hugo. Depois temos Secretários de Estado que nada valem, acompanhados por meninos do partido recém chegados da Faculdade. Miseráveis são esses cobardes que aceitam esse nome.
Mesquitela Lima era um Homem de “H” grande.
Onde se encontra o seu trabalho “Caos”?. O que é feito do espólio enorme de máscaras?
Temos ainda um emigrante português, o Saramago. Um prémio Nóbil objecto de abandono. O País não o quis.
Cumprimentos, também para a Esposa do Professor, Filhos e Restante Família.
Mário Vitorino Gaspar
Pretendem que retire os comentários sobre quem nos governa?
Mário Vitorino Gaspar diz
Tenho muita vontade de protestar, a hora é já tardia. O Professor Doutor Mesquitela Lima merecia uma outra atenção. Um Antropólogo que revolucionou a Antropologia devia, e por direito próprio a uma outra atenção. Infelizmente os Portugueses desconhecem os homens de mérito. Aqueles que não prestam governam e governam-se, e os verdadeiro e dedicados homens e mulheres reconhecidos em outros países abandonam o nosso cantinho. Temos o MAIOR POETA DO MUNDO – o Fernando Pessoa, mas é do Mundo mas não de Portugal. Muitos e muitos pesquisadores, conheço alguns, queriam voltar porque gostam da sua terra, tiveram de emigrar. Depois temos Ministros que nada sabem, mesmo que o Mundo nos chame de Miseráveis. “Miseráveis ” é o título de um escritor do Mundo – Victor Hugo. Depois temos Secretários de Estado que nada valem, acompanhados por meninos do partido recém chegados da Faculdade. Miseráveis são esses cobardes que aceitam esse nome.
Mesquitela Lima era um Homem de “H” grande.
Onde se encontra o seu trabalho “Caos”?. O que é feito do espólio enorme de máscaras?
Temos ainda um emigrante português, o Saramago. Um prémio Nóbil objecto de abandono. O País não o quis.
Cumprimentos, também para a Esposa do Professor, Filhos e Restante Família.
Mário Vitorino Gaspar
Mário Vitorino Gaspar diz
Recordar o Professor Mesquitela Lima
O antropólogo Professor Augusto Mesquitela Lima, nasceu a 10 de ~Janeiro de 1929 na ilha de São Vicente, em Cabo Verde, após os estudos liceais, completou os seus estudos em Portugal, quando os Estudantes da Casa do Império, em Lisboa, falavam das independências das colónias. Doutorou-se em França – quando se viviam as experiências do Maio de 68, foi preso por aderir a esse movimento – e Estados Unidos.
Foi viver para Angola, terra da sua mulher, ainda antes da independência desta colónia portuguesa. Além dos países africanos esteve igualmente, entre outros, na Índia, Brasil e China.
Ficou conhecido pela vasta obra que publicou, teve por volta de 30 trabalhos científicos e publicou 25 livros. Fundou o Museu Dondo, em Angola, onde estudou vários grupos étnicos, com especial destaque para os kyaka.
Esteve integrado no grupo de professores, na fundação da Universidade Nova de Lisboa, após 25 de Abril de 74, onde foi Professor Catedrático e Jubilado como Professor de Antropologia Cultural da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
Responsável pelo aparecimento de um grupo de antropólogos que viraram a antropologia em Portugal.
Conheci-o na Associação Cultural e Social dos Seniores de Lisboa – Academia Sénior de Lisboa, onde foi professor de Antropologia.
Gostava muito das suas aulas. Um dia, convidou-nos e mim e ao Presidente da Academia – na altura Inês Gonçalves – para visitarmos a sua casa. Inacreditável! Salas repletas de relíquias e de encantos. Impossível descrever. Esquecera-se de reservar espaço para si. As preciosidades envolviam-nos. E que riqueza! Notei no rosto de sua mulher, uma senhora bastante simpática, algumas reservas decerto motivadas pelo pouco espaço que restava para si e para seu admirável marido naquela casa, naquele Museu do Professor Mesquitela Lima.
O grito do Professor era “O Caos”, as aulas na Academia não tinham outro tema. Foi de viagem à Índia e adoeceu, uma pneumonia, mas ainda voltou à Academia.
Era conhecido mundialmente pela colecção de máscaras africanas. Para além das máscaras, no corredor de sua casa, repleto de recordações das suas viagens, tivemos a oportunidade única de ver: – desenhos de mulheres africanas; miniaturas de peças artesanais, pinturas executadas por amigos; a cadeira de um rei africano; livros já sem espaço (perto de 30 mil); muitas obras de vários pintores consagrados; muitas mais peças de arte adquiridas em todo o mundo e uma secretária com um computador onde um dos filhos (tinha três filhos) memorizava todo o seu espólio.
Concluía o tal estudo científico intitulado “O Caos”.
Faleceu, quando era director do Instituto Superior de Gestão, vítima de pneumonia, a 14 de Janeiro de 2007.
Mário Vitorino Gaspar
Anónimo diz
Jun22Maria Jose9 de Almeida De facto, e9 bom estar numa reunie3o de trabalho em que ningue9m usa fato e toda a gente fala a mesma ledngua!Estas reunif5es tambe9m podem ser coraadensdis o espae7o onde os clientes chatos (classificae7e3o na qual me incluo, tambe9m com orgulho) fazem os pedidos impossedveis para melhorar a resposta da aplicae7e3o aos problemas improve1veis com que nos deparamos no dia a dia das nossas inimagine1veis instituie7f5es.A diferene7a para a concorreancia (?) e9 que estes senhores ouvem-nos, esfore7am-se e conseguem muitas vezes fazer-nos a vontade!
Maria Luisa diz
Grande antropólogo e professor. Tive a honrs de ter sido sua aluna no curso de Serviço Social do Instituto de Educação e Serviço Social Pio XII em Angola. Foi através dele que descobri o mundo africano que me envolveu e ao qual dediquei e dedico parte do meu estudo e da minha vida.
è com pesar que sei hoje de sua morte, mas seu trabalho ficará eternamente registrado.