Armando Zeferino Soares (São Nicolau, 1920 — 3 de Abril de 2007), compositor cabo-verdiano, autor da morna Sodade. Armando Soares foi um comerciante em Praia Branca, na ilha de São Nicolau.
Após várias disputas sobre a autoria de Sodade, entre outros com Amândio Cabral e Luís Morais, finalmente em Dezembro de 2006 o tribunal reconheceu Armando Soares como verdadeiro autor da famosa morna. Armando Soares contou ao jornal A Semana que fez a música nos anos 50 do século XX na despedida de um grupo de amigos que ia embarcar para São Tomé e Príncipe, o que era habitual naquela época.
A morna Sodade tornou-se emblemática de Cabo Verde e da sua cultura, na interpretação especialmente de Cesária Évora mas também de muitos outros cantores cabo-verdianos e estrangeiros. Sodade é um verdadeiro hino não-oficial das ilhas da saudade.
Sodade descreve com grande simplicidade o dilema de ter que partir e querer ficar, que sofriam os emigrantes cabo-verdianos em geral e, em particular, os contratados semi-escravos para as roças de cacau e café de São Tomé e Príncipe.
Quem mostra’ bo
Ess caminho longe?
Ess caminho
Pa Sã Tomé
Sodade
Dess nha terra d’Sã Nicolau
Si bô ‘screvê’ me
‘M ta ‘screvê be
Si bô ‘squecê me
‘M ta ‘squecê be
Até dia
Qui bô voltá
Armando Zeferino Soares, Sodade (excerto)
Quem te indicou
Esse caminho longínquo?
Esse caminho
Para São Tomé
Saudade
Da minha terra de São Nicolau
Se me escreveres
Eu te escreverei
Se me esqueceres
Eu te esquecerei
Até ao dia
Que tu voltares
Armando Zeferino Soares, Sodade (tradução)
Proibida venda e difusão de «Sodade»
«Sodade», a morna imortalizada pela voz de Cesária Évora, vai deixar de tocar em Cabo Verde. Amândio Cabral e Luís Morais eram os autores oficiais da música mas, na realidade, a morna foi composta por Armando Zeferino Soares.
O Ministério Público de Cabo Verde vai avançar com a interdição formal da venda e difusão da canção «Sodade», imortalizada por Cesária Évora, e endurecer medidas face ao reiterado incumprimento de advertências anteriores, anunciou hoje fonte judicial.
Segundo o correspondente da Lusa, alguns CDs de Cesária Évora e antologias com gravações da morna «Sodade» continuam à venda em Cabo Verde, apesar do mandado judicial que, há mais de um mês, determinou a apreensão de todos os discos onde figura esse título.
A ordem do tribunal, que proíbe igualmente a difusão pública da emblemática canção cabo-verdiana, datada de 1954, também não tem sido respeitada e as rádios do arquipélago continuam a tocar «Sodade» sem qualquer impedimento.
Numa ronda por algumas casas discográficas da cidade da Praia e postos de venda para turistas em unidades hoteleiras, a Agência Lusa verificou que estão à venda CD com a referida canção, cuja paternidade é reivindicada por Armando Zeferino Soares, que também intentou processos penal e civil contra os actuais autores oficiais da morna, por alegada «usurpação de direitos».
Amândio Cabral (residente nos Estados Unidos) e Luís Morais (já falecido) são os visados pelas acções do queixoso, mas também são citadas as empresas Lusáfrica (editora) e Harmonia (editora e distribuidora), ambas propriedade de Djô da Silva, produtor de Cesária Évora.
O primeiro reside nos Estados Unidos e não se lhe conhecem, até ao momento, quaisquer reacções sobre o assunto. O segundo, Luís Morais, falecido em finais de 2002, declarou publicamente, meses antes de perecer, que de facto não era o autor da música «Sodade», e que se limitou a escrevê-la em pauta a pedido de Amândio Cabral, que em 1956 ou 1957 se lhe apresentara como o autor.
Não obstante, a canção está registada em Portugal e em França, respectivamente na Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) e na Sociedade de Autores e Compositores Musicais (SACEM), aparecendo Amândio Cabral como autor da letra e Luís Morais como o titular da música.
Fonte: TSF (12 de Junho 2003)
Foto: Joseba Arginzoniz Martin
Zebra diz
É tudo verdade, mas temos de reconher a autoria dessa música imortalizada pelo Bonga e a Cesária.
Toni Pires diz
Nu ser justu! Size fase un interpretason brilianti di sodadi, ma kenha ki imortalizal foi Bónga, kel kantor angulanu ki nos tudu nu konxe.