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A Morna – a evolução (breves apontamentos)

16 Agosto, 2006 19:35 1

Vasco Martins estuda a música de Cabo-Verde desde 1985, integrado no projecto «Recolha e Tratamento da Música Tradicional de Cabo-Verde», Instituto Nacional da Cultura de Cabo-Verde.

Durante 4 anos (1985/1989), fez a recolha e investigação sobre a Morna; um livro foi lançado, com o patrocinio da Unesco: «A música tradicional Cabo-Verdiana- 1, A Morna ».

Fez estudos ritmicos de temáticas tradicionais (que aplicou na sua música sinfónica,sobretudo «Danças de Câncer» e a «Sinfonia 5» ),debruçou-se sobre as Divinas de S.Nicolau e o compositor B.Léza; escreve actualmente um sobre as formas musicais existentes em Cabo-Verde, aspectos musicológicos,poéticos e históricos. Escreve um bio -poema de B.Léza que estará em breve on-line nesta página.

Compôs a música e o texto do CD «Coraçon Leve» cantado por Herminia, que saiu em Paris em 1997.Dez canções dentro dos géneros Morna, Valsa  e Coladeira, constituindo hoje já uma referência musical e discográfica de referência.

A Morna – a evolução, por Vasco Martins (breves apontamentos)

1780 / 1850 (?)

BOA-VISTA

Tudo indica que a Morna nasceu na ilha da Boa-Vista, pelo menos uma espécie de proto-morna, com possíveis influências do «doce lundum chorado», vindo de Portugal e da «modinha» do Brasil. A Morna na Boa-Vista caracterizava-se(e ainda caracteriza-se) por um andamento mais rápido e de estilo rubato. Uma das primeiras mornas conhecidas foi «Babilona» provavelmente composta por Maninha Santos de Povoação Velha.

1890 (?)

BRAVA

1910/1950

Na ilha Brava, o compositor Eugénio Tavares, admirador da poesia ultra-romântica  e do fado  já emergente, compunha as suas Mornas tocando guitarra portuguesa , segundo testemunhos plausíveis. Para além das melodias singelas, reinventa o crioulo poético de canção, com muita elegância. José Bernardo Alfama, publica em 1910 um livro de Canções Crioulas em Lisboa, contendo algumas mornas «bravenses».

S. VICENTE

A ilha de S.Vicente tornou-se um Porto cosmopolita e próspero, devido sobretudo aos capitais financerios ingleses. A Morna, já cantada pela célebre cantadeira Selibana e temperada por Eugènio Tavares, evoluiu com os músicos Luís Rendall, Muchim d’Monte, Miguel Patáda, músicos virtuosos da «escola brasileira» . B.Léza, o mais representativo, compôs melodias com o suporte harmónico dos «meios-tons» (acordes de passagem ou modulativos entre acordes principais). As influências directas da canção brasileira e do tango, então muito na moda, foram decisivas para o amadurecimento estético da Morna.

1950 / 1960

Fase intermédia de compositores de talento, que se não foram inovadores e seguiram os passos de B.Léza, criaram no entanto Mornas de subtil traço melódico e sentimental: Lela de Maninha, Olavo Bilac, Luluzim, e sobretudo Jótamont (Jorge Monteiro), prolífero compositor .

1960 / 1970

Assiste-se , a partir de S.Vicente e Praia, a «electrificação» da música de Cabo-Verde, incluindo a Morna. O grupo «Voz de Cabo-Verde», foi o mais significativo. A rítmica da Morna, usualmente dada pelo cavaquinho , foi adaptada na bateria por Franck Cavaquim (que tocava, como o nome indica, cavaquinho!), mas também por Ti Goi .

Nascimento de uma nova »Morna» inspirada na «canção internacional» (bolero, canção americana – Nat King Colea, Franck Sinatra, por exemplo – canção francesa, canção espanhola, etc).

Manuel de Novas, é o mais representativo desta nova fase. Compositor de grande elegância melódica e de um estilo personificado .

A nova Morna

A partir de Manuel de Novas, os jovens compositores tiveram um exemplo. Nos anos 70/80, começaram a empregar sequências de acordes pouco usuais (sétimas maiores, por exemplo, como no caso de José Júlio Gonçalves). Entre eles destacam-se Dany Mariano, Ney  Fernandes, Jorge Humberto, Tito Paris, Betu, Antero Simas e muitos outros.

Assiste-se actualmente a estilos muito pessoais, cada um buscando caminhos, o que pressupõe a maturidade da Morna, ou pelo menos do ser artista .

Vasco Martins

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