Viver pra Sempre video de Carlão, junta família e amigos em celebração numa tarde em Almada.
No início foi preciso juntar as pessoas
Sábado sereno com um sol radiante. A luz é tão intença que custa abrir os olhos. Será da Primavera que já cheira e se escuta no ar, ou o Abril seco, pouco chuvoso?
Nas traseiras por entre prédios altos, próximas de um ringue de futebol, juntam-se pessoas de várias idades à sombra fresca de algumas plantas. Cumprimentam-se e conversam calmamente.
Surge, por entre o grupo de pessoas (que parece esperar por um sinal), alguém a distribuir copos de cerveja, e ao mesmo tempo, pergunta às crianças se querem sumo, e aos mais velhos se preferem água.
O espaço transforma-se num “lounge” espontâneo, uma sala de estar confortável, apesar de haver poucos lugares sentados e muitos terem de ficar em pé.
As cotas estão orgulhosas do sobrinho Carlão, foi boa a ideia de juntá-las neste dia. Cabo Verde está sempre presente nas conversas: as noites de luar na baia de Mindelo em São Vicente, as brincadeiras que os irmãos aprontavam em Santo Antão. Depois, a infância dos meninos em Almada. Que sodad, nesses tempos viver pra sempre era uma certeza.
O Daniel ouviu dizer que vai haver chouriço assado, o rapaz está por isso, muito atento aos movimentos. Não vá ele perder alguma coisa.
O Xano lamenta recusar uma cervejinha fresca, tem a família nas mãos. É ele a conduzir o carro.
Entretanto, uma voz feminina interrompe a convivência, pede calmamente para se aproximarem mais do ringue.
Atenção, atenção pessoal. Vamos “Viver pra Sempre”?
Na parte de cima da rua, nota-se um movimento de ir e vir apressado. Há gente a carregar coisas. Equipamento, parece.
Quatro ou cinco jovens, rapazes e raparigas, numa azáfama constante que constrasta com a tranquilidade da tarde, estão a juntar uma parafernália à entrada e dentro do ringue.
Placas largas, suportes metálicos pesados, colunas e aparelhos de som, cabo longos, mesas, chapéus de sol e umas quantas cadeiras de plástico.
A música começa a soar alto das colunas de dj que passaram por nós há bocado. Aos poucos este cenário vai-se compondo, começa-se a ter uma idéia do que vai passar aqui.
Atenção, atenção, pessoal. Vamos “Viver pra Sempre”? pergunta complicada esta, mas ajuda a despachar os passos dos que não querem largar a conversa.
Alguns elementos da equipa dão explicações rápidas: a idéia resumida é que se juntem todos à volta da mesa de Dj, tipo meia-lua e prestem atenção.
Equipa de reportagem da SIC acompanha Viver pra Sempre
Agora sim, percebe-se o porquê desta aglomeração. Carlão (Pacman), surge por entre as pessoas, a cumprimentar quase toda a gente, ele também dá indicações: vai-se gravar um videoclip da sua nova música Viver pra Sempre, que será um single do álbum, ainda por sair.
Antes da câmara do video, há a câmara da televisão que segue o rebuliço da rodagem do videoclip. Uma jornalista entrevista o Carlão, seguido dos pais. Será transmitida dias depois.
Muda a música, agora ouve-se um trecho em “loop” de um conhecido funaná do grupo cabo-verdiano Bulimundo, seguido de beats de hip-hop e a letra:
Meu Deus eu vou viver para sempre
Eu vou, eu vou
Se a minha gente sente
Gravação do videoclip “Viver pra Sempre” de Carlão
Viver pra Sempre, é um beat do amigo Boss AC que juntamente com o Carlão, são veteranos no hip-hop tuga já com anos de carreira. Este novo som é quase uma homenagem aos pais de ambos (de origem cabo-verdiana) e daí o loop inicial, samplado do tema Dimingo Denxo do album Djâm Brancu Dja dessa instituição do funaná – Bulimundo.
A letra fala da sua gente (família e amigos, sem esquecer os vizinhos), no fundo é um abraço alargado a estas ruas de Cacilhas onde está parte da sua infância, o seu bairro.
É um tema solar este Viver pra Sempre, tanto na letra como na boa disposição, que se tenta agora ensair: há crianças a correr, jovens a jogar à bola, grupinhos a pôr a conversa em dia, alguém às voltas na sua bicicleta, copos de plástico cheios de cerveja a chegar, chouriço assado proveniente da grelha (instalada ao lado do ringue), vizinhos indigadores à janela, transeuntes e velhos conhecidos que se juntam à festa..
Ok Carlão?, vamos gravar.
Alguém, que só pode ser o realizador (Fernando Mamede), diz que por enquanto só se vai testar, ainda não é a sério. Ensaiada: a coreografia de mãos no ar, sorrisos na cara e movimentos à volta do cantor. É altura de começar a gravar as cenas. O homem da câmara, tem alguém a guia-lo que ao mesmo tempo segura os cabos, não vá ele tropeçar. Uma rapariga oberva e corrige num monitor, resguardado do sol, a focalização da imagem que chega em directo. O realizador vai dando algumas (poucas) indicações, é mais para os figurantes que para os técnicos, estes sabem o que fazem.
A cantiga é alegre, e seguidas estas repetições, ela tornou-se familiar. Podíamos viver isto pra sempre. Repete-se uma e outra vez a cena, é melhor jogar pelo seguro, mas estão todos contentes com o resultado e batem-se palmas de agradecimento mútuo. Se a vida fosse sempre esta concordância, era bem fixe.
Carlão canta e dança, como nunca se viu. Sorriso rasgado na cara, sabe que está a fazer a coisa certa. Até tira a mãe para uns passos de funaná.
Por fim, familiares e amigos são convidados a tirarem uma fotografia em video, será usada no produto final.
O videoclip devidamente finalizado (editado, corrigida a cor, et al), poder ser visto e apreciado em baixo.
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